Byung-Chul Han é um filósofo que nasceu na Coréia, estudou filosofia e doutorou-se na Universidade de Friburgo, na Alemanha. Ele escreveu o livro “Sociedade do Cansaço”, uma crítica à superficialidade do cotidiano moderno, concordando com Nietzsche, em sua obra “Humano demasiado humano”, que diz: ”Por falta de repouso nossa civilização caminha para a barbárie. Em nenhuma outra época os ativos, isto é, os inquietos, valeram tanto. Assim, pertence às correções necessárias a serem tomadas quanto ao caráter da humanidade fortalecer em grande medida o elemento contemplativo”.
Mas o que Byung quer dizer com sociedade do cansaço e Nietzsche quer dizer quando fala que os ativos e inquietos nunca valeram tanto? Os dois dizem que há uma hiperatividade, um excesso de movimento que não está dando tempo para as pessoas pensarem, refletirem, reelaborarem suas existências. Eles falam que o excesso de informações, assim como já falou George Orwell, está criando pessoas superficiais que já não conseguem mais refletir com profundidade, que já não conseguem amadurecer as ideias.
Qualquer frase é lançada ao ar, de forma irresponsável e não faltam ouvintes, também sem capacidade crítica, para aceitar. Byung fala mais. Ele diz que essa superexposição acaba com a cultura e ao invés de ajudar a humanidade a evoluir acaba levando ela para uma nova barbárie, já que as pessoas não conseguem fazer uma “contemplação profunda ”. Para eles, tanto Nietzsche, Byung e Orwell, a superficialidade da informação rápida, já não deixa as pessoas analisarem as melhores opções e, por isso, todos agem de forma alienada e induzida. A alienação e a indução diminuem a capacidade das pessoas que “empobrecem intelectualmente”e quando isso acontece se cria a condição para que a ignorância volte com força, destruindo os acordos, o diálogo e a paz da civilização.
O livro “A Sociedade do Cansaço” fala que a rapidez da informação, a falta de tempo para a análise e o excesso de estímulos que estão acontecendo na sociedade atual, acabam criando um “tédio profundo”, pois as pessoas estão se habituando a trocar muito rápido de interesse e por isso perdem o foco e a atenção. Byung fala: “A preocupação pelo bem viver, à qual faz parte, também uma convivência bem sucedida, cede lugar cada vez mais à preocupação por sobreviver”.
O que todos esses autores querem dizer é que viver uma vida ativa não é viver correndo, apressado, neurótico e sempre com a sensação de que estamos perdendo tempo, na lógica de que “tempo é dinheiro” e dinheiro é a única coisa que tem a autoridade para nos fazer agir. Eles todos dizem que uma vida ativa exige, também, um tempo para respirar, contemplar e elaborar, com tranquilidade os passos prioritários e a agenda de nossa existência.
O recado que eles dão, e que poucos conseguem entender, exatamente por não conseguirem parar um pouquinho para pensar, é de que a grande epidemia de depressão que está tragando o mundo atual tem sua origem no aumento da velocidade da informação que cria a ansiedade, a insegurança e o desespero.
Enfim, o antídoto para essa loucura que a sociedade atual está criando ainda está na capacidade de ter paciência, exercitar a coerência, se dar o direito de contemplar o mundo para, a partir de uma análise mais profunda, encontrar momentos de serenidade e ilhas onde possamos encontrar a paz.