Sul 21 – O deputado Matheus Gomes (PSOL) denunciou nesta segunda-feira (20) que engenheiros do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) solicitaram reparos urgentes em quatro casas de bombas de Porto Alegre em novembro do ano passado, após uma sequência de dias de chuva elevarem o Guaíba a mais de 3,4 m. Segundo a denúncia, nenhuma medida foi executada pelo diretor-presidente do Dmae, Maurício Loss, empossado no cargo pelo prefeito Sebastião Melo (MDB) em fevereiro de 2023.
Nas Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps) 17 e 18, localizadas no Centro, foi solicitada a “elevação das paredes do poço de descarga”. A obra simples elevaria a altura da parede e manteria as bombas isoladas e funcionando em casos extremos. O documento destaca a “necessidade urgente de resolução da demanda” para não corrermos o risco de ver “o alagamento da área central de Porto Alegre, entre a Usina do Gasômetro e a Rodoviária”.
No dia 3 de maio, as águas invadiram o Centro Histórico como não se via desde a enchente de 1941. Ao longo das duas últimas semanas, parte da região permaneceu debaixo d’água, com a energia elétrica desligada, sem água potável, com locais como a estação rodoviária totalmente inundada.
Na Ebap 13, que fica no Parque Marinha, foi solicitado o conserto das janelas de inspeção do poço de descarga, que não estavam devidamente pressurizadas, como manda o projeto original. O perigo anunciado era o alagamento no bairro Menino Deus e no entorno da Azenha.
No dia 6 de maio, a Prefeitura orientou a evacuação dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus diante do desligamento de energia em outra Ebap, a 16, na Rótula das Cuias. Em entrevista à Matinal, ex-diretor do Dmae e do extinto Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), Augusto Damiani, já havia afirmado que problemas na Ebap 13, que fica no Parque Marinha do Brasil, podem ter contribuído para o alagamento no Menino Deus.
Já na Ebap 20, na Vila Minuano, os engenheiros pediram uma avaliação do quão protegido estava o “poço de descarga”, pois havia a hipótese de que uma elevação do Arroio Passo da Mangueira geraria o colapso das bombas e graves consequências na região do bairro Sarandi. Mais de 20 mil pessoas tiveram que deixar suas casas na região em razão da enchente. A Ebap 20 é umas das que seguem inundadas.
Segundo reportagem publicada pela Matinal, desde 2018 a Prefeitura tinha conhecimento dos problemas nas Ebaps 17 e 18.
Procurado, o Dmae informou que teve conhecimento da chegada deste processo administrativo em outubro de 2023. “A solicitação para vedação com tampas herméticas e da câmara de despejo das Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps) 17 e 18 está em fase de viabilidade técnica para a elaboração do projeto”, diz a nota encaminhada à reportagem.