Independência e maturidade

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Cônego Alexander Mello Jaeger

No dia 7 de setembro o Brasil comemora a sua Independência diante de Portugal. Já são dois séculos de autonomia, quando então o Brasil se tornou um Estado autônomo e não mais uma colônia portuguesa, mantendo o sistema monárquico de governo. Quem tem mais idade recorda as diversas formas de celebrar esta data significativa. O aspecto mais importante permanece sendo a capacidade de se constituir como um país e uma sociedade que consiga se autodeterminar e manter bem o povo que forma este país. O Bem Comum é umas das características mais expressivas de um Estado verdadeiramente soberano.

Quando tive a oportunidade de viver em um país de cultura anglo-saxônica me chamou a atenção que a palavra Pátria tem o gênero gramatical masculino e não feminino, como costuma ocorrer nas línguas latinas. A palavra pátria vem do latim patriota, que significa Terra paterna. Pátria está relacionada à paternidade e não à maternidade. Percebi um modo diverso do seu povo se relacionar com o país.

Na mentalidade brasileira, a figura da mãe ocupa um lugar afetivo único. A mãe é uma intercessora dos filhos junto ao pai. Quando há uma situação mais grave se recorre à mãe para conversar com o pai. Na linguagem popular a mãe sempre dá um jeitinho. Aos poucos as mulheres estão conseguindo ser provedoras, mas a mentalidade cultural ainda está no inconsciente, da superioridade do pai. Não é difícil entender porque se passa a vivência familiar para as relações institucionais da sociedade, como o Estado, que muitas vezes é entendido como o governo que estiver no poder. Na minha experiência cotidiana percebo em muitas pessoas a ideia que o Estado-Governo deve ser uma mãe, que intercede para conseguir privilégios ou isenções, abrandar as exigências do pai e prover as necessidades.

Aqui temos um problema de maturidade diante da responsabilidade social.
Sobre o ser maduro na vida e adulto na sociedade, apresento um exemplo. Escuto muito se dizer diante de uma situação difícil: alguém tem que fazer alguma coisa. A frase não é: o que eu posso fazer ou o que vamos fazer? Cada cidadão tem responsabilidades para com todos os problemas da sociedade, assim como tem direitos sobre suas conquistas. Logo iniciaremos um período de muito calor. O que estou fazendo para impedir o nascimento e propagação do mosquito da dengue? Uma tampinha de garrafa permite a eclosão de dezenas de ovos de mosquito que podem até matar pessoas. Eu e o poder público precisamos ser patriotas.

Patriota é mais do que o sentimento de orgulho de pertencer a uma Pátria. Há quem tenha dificuldade com essa palavra, pois dela derivam ideologias ruins como o patriotismo e nacionalismo. Veja o nacionalismo, o nazismo alemão como exemplo. A origem da palavra Pátria, Terra paterna, indica o trabalhar, o agir para o Bem Comum, a capacidade de deixar o individualismo em segundo lugar e priorizar a comunidade. Há muito de Patriota no Evangelho de Jesus, quando Ele diz que o maior mandamento é Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo.

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