Negacionismo Absurdo

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Felipe José dos Santos, advogado.

O negacionismo climático não é muito diferente de outros negacionismos. Mas afinal, o que é o negacionismo? Quem pode ser considerado um “negacionista”?
O termo negacionismo foi, em um primeiro momento, usado para se referir a grupos e indivíduos que negavam a existência das câmaras de gás e o extermínio em massa dos judeus durante o regime nazista, e foi popularizado pelo historiador francês Henry Rousso.

O termo também é usado para definir aquelas pessoas que estão vendo as evidências, inclusive as provas científicas de algum fato, e continuam negando, muitas vezes por ignorância e incapacidade de compreender a explicação, mas, na maioria das vezes, por vontade de passar a perna na verdade e contrariar a realidade.

Um negacionista faz qualquer coisa para provar que tem razão, pois ele não pode admitir que as coisas são diferentes de como ele pensa ou de como ele age. A maioria dos negacionistas sabe que se admitir a ciência vai ter que admitir sua responsabilidade sobre o conhecimento que adquiriu e, por isso, prefere fechar os olhos para a realidade e criar uma “realidade paralela” que vai seguir com unhas e dentes.

Esse é o caso daqueles que defendem, em peno século XXI, que a terra é plana. Também era o caso daqueles que se negavam à vacinação na época da guerra das vacinas e, depois, no período da pandemia.

Agora, depois de diversos avisos de ambientalistas, aconteceu uma catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul e o que mais se vê é negacionistas climáticos falando que “sempre foi assim”, que é “uma coisa ocasional” e que “não se trata do aquecimento global”. Sempre na tentativa de fazer prevalecer suas “ideias de jerico” para sustentar seus desejos pessoais ou suas “visões ideológicas”.

E essa semana, um desses ignorantes foi mais longe, passou por todas as barreiras e conseguiu demonstrar toda sua incapacidade cognitiva. O vereador do PL de Caxias do Sul, Sandro Fantinel, aumentando o negacionismo que está alojado na mente mediana de um povo infantilizado, falou que os desmoronamentos das barreiras foram causados pelo “peso das árvores”. Sandro Fantinel é o mesmo vereador que disse, de forma preconceituosa, “não contratem essa gente lá de cima, para trabalhar aqui”, falando dos bahianos. Os alagamentos e desmoronamentos não ocorrem devido à existência das árvores, nobre vereador, e sim são consequência climática da retirada delas, principalmente na Amazônia.

Qualquer lida rápida em manuais ecológicos de quinta série demonstra que as “matas nativas” são as maiores aliadas do solo para conter erosões e reduzir danos ambientais, e as clareiras e os desmatamentos aumentam o índice de gás carbônico e o efeito estufa causador do represamento das frentes frias do sul por bolhões de ar quente vindos da linha do Equador. Essas são as verdadeiras causas dos últimos desastres climáticos na região sul e não as árvores que costeiam as estradas.

Tentando se esconder da verdade os negacionistas ainda dizem, sobre as enchentes do Guaíba, que “já aconteceu antes” ou “que teve uma situação parecida em 1941, quando não tinha desmatamento”. Mas esses argumentos não servem, pois está provado que evento igual a esse nunca aconteceu antes, nem a enchente de 1941 foi tão severa e dramática quanto essa, e também nunca houve sucessão de eventos climáticos tão próximos uns dos outros.

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