Antigamente a cidade era um espaço de terras que as pessoas ocupavam por longos períodos de tempo. As cidades, principalmente gregas e romanas, eram construídas no entorno das propriedades particulares e eram constituídas com base na religião. O cidadão era aquele que tinha relação com a terra e que, geralmente, tinha seus antepassados enterrados nela. Somente era considerado cidadão aquele que possuía um vínculo religioso e que praticava os rituais da religião doméstica e o culto ao fogo sagrado dos antepassados.
Hoje em dia, cidadão é todo aquele que reside em uma cidade, todo o indivíduo que possui cidadania, que possui direitos e deveres determinados pela Constituição.
O cidadão é mais que isso. Ele é aquela parte para quem os governos devem satisfação. O cidadão é o juiz da cidade, é aquele que analisa a qualidade e o funcionamento da cidade. O cidadão também é o eleitor, aquele que elege seus representantes e tem a obrigação de avaliar esses representantes de tempos em tempos.
Mas, se o cidadão é uma espécie de juiz da cidade e o eleitor é um avaliador de seus próprios representantes, encontramos um sério problema nos dias atuais! Ninguém consegue julgar sem ter conhecimento de causa e ninguém consegue avaliar alguma coisa se não sabe a sua utilidade e a sua importância.
Um cidadão que não conhece as funções da cidade e suas estruturas e instituições não possui capacidade para ser o juiz dela. Esse cidadão passa a ser um palpiteiro sem fundamento e sem elementos para fazer o julgamento justo e imparcial, como deve ser todo o julgamento.
Quando falamos do eleitor encontramos o mesmo problema, já que é bastante comum vermos eleitores que não avaliam seus representantes por não saberem quais são os critérios necessários para fazer essa avaliação. Como avaliar se alguém está fazendo alguma coisa certa se não sabemos o que ele deveria fazer? Como julgar se os rumos de uma cidade estão no caminho certo se não sabemos que rumo ela deve tomar?
Enquanto a grande maioria dos cidadãos reclama sem fundamento, deveriam estar levantando argumentos para efetuar um julgamento justo e realizar uma avaliação de seus representantes de forma coerente e com bom senso, para ajudar a construir a unidade comunitária necessária. Somente o julgamento correto, a crítica justa e a avaliação embasada possuem a força para nos levar ao caminho da evolução. Isso exige uma pouco de esforço, de todos, para que possamos gastar menos tempo em pequenos debates, infrutíferos, e ganharmos mais tempo na construção de uma nova visão de força e agregação social. Para julgar devemos conhecer os fatos e para avaliar devemos ter noção do valor das coisas.
Cidadãos e eleitores que não aprenderem esses princípios não estarão cumprindo com suas funções e suas reclamações e exclamações serão somente lamúrias infrutíferas.