A velocidade da interconexão está criando uma situação inusitada no mundo. A quantidade de bits por segundo que passam pelas redes, com as mais variadas informações e, inclusive, desinformações, criaram uma enxurrada de novas concepções e de novas formas de relacionamento da humanidade com a informação. Quase tudo está disponível no mundo da informação cibernética e, não bastasse isso, temos as novas concepções de Inteligência Artificial, como o ChatGPT entre outros que estão sendo gestados nas engenharias da computação. Assim como houve um aumento vertiginoso na informação, está acontecendo um movimento inversamente proporcional com relação à capacidade de concentração e ao desenvolvimento do senso crítico e da capacidade de análise dos indivíduos.
A grande transação de dados traz, junto com ela, uma enorme gama de entretenimentos que são ofertados de forma instantânea para os consumidores das redes sociais. Os filtros éticos ainda não estão funcionando e tudo o que é mais bizarro até o que é mais repugnante estão misturados com o que é mais informativo e de maior capacidade de produção da sociabilidade e da evolução intelectual.
Somada essa velocidade com a falta de filtros e com a hipótese de que as pessoas que estão se plugando no mundo virtual estão, automaticamente, se desplugando do real, podemos perceber que junto com a rapidez dos dados está acontecendo um aprofundamento do distanciamento social no mundo real.
As pessoas que interagem muito nas mídias sociais parece ser (e aqui não há qualquer conhecimento teórico ou pesquisa sobre o assunto) que estão cada vez mais desplugadas do contexto social e mais individualistas, visando somente os êxitos da nova ordem de coisas que é regida por esse enorme filme de ficção onde todos estamos virando atores.
A desconexão pode ser, somente, uma etapa desse novo universo que está surgindo. Em um futuro próximo as pessoas vão equalizar e reinterpretar os fatos, reconhecendo o que é útil e o que é nocivo nesse contexto, mas pode ser que o passo futuro seja um aprofundamento nesse universo ao ponto de acontecer um aprofundamento, também, no desligamento social real e as pessoas passarem a se sentir confortáveis como roteiristas nesses filmes pessoais em que cada um maquia e produz seu próprio mundo torcendo para que as redes e a fantasia nunca se desliguem.