A sabedoria das sementes

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Cônego Alexander Mello Jaeger

Jesus preferia utilizar uma linguagem simbólica para anunciar sua mensagem. Os Evangelhos nos narram diversos gestos que tinham um significado tão amplo que até nos dias atuais há diversidade de interpretação. Não fazia discursos filosóficos ou teológicos. Gostava muito de falar em parábolas, especialmente para o público, deixando uma explicação mais pormenorizada para os seus discípulos e apóstolos. Algo que raramente realizava. A parábola tem a vantagem de ultrapassar o tempo e a localização geográfica. Muitas das parábolas evangélicas ditas a dois mil anos atrás são de compreensão ainda imediata hoje.

A sociedade do tempo do Novo Testamento era majoritariamente agrícola, pecuária e comercial. As comparações de Jesus geralmente tratavam destes temas. Na agricultura utilizou com frequência as sementes. Comparou a Palavra de Deus com sementes que caem em terrenos diversos, uns com mais capacidade de germinar e produzir frutos e outros impossíveis de qualquer potência de crescimento. Os terrenos são os modos como as pessoas ouvem e recebem a Palavra de Deus.

Marcos no quarto capítulo do seu Evangelho narra duas pequenas parábolas tendo a semente como objeto de comparação. Em uma recorda que quem planta, não fica o tempo todo olhando para a semente crescer. Ele deixa a terra realizar o seu processo e quando a planta atingiu sua maturidade colhe os frutos. Na outra Jesus recorda o espanto que se tinha diante da semente de mostarda que media um pouco mais de 1 milímetro e produzia uma planta que podia atingir 3 metros de altura.

A primeira parábola nos ajuda a ter paciência com os acontecimentos. Vivemos uma época em que tudo parece ter sido feito para ontem. Cada situação tem o seu tempo processual. Esperar, ter calma, autocontrole permanecem como virtudes. Dar tempo a cada realidade, não acelerar nem retardar. Há um tempo para cada coisa.

A segunda parábola chama à atenção para as coisas pequenas da vida. Muitas vezes se dá pouca importância para o cotidiano. As atitudes do dia-a-dia, por menores que sejam e mais repetidos que aconteçam, são como pequenas sementes plantadas. Com o tempo crescem e dão seus frutos. Isso vale tanto para o bem como para o mal. Quantos relacionamentos acabam porque não se soube cuidar dos detalhes da vida a dois. Muitos empreendimentos entram em falência causados por um mau planejamento. As pequenas coisas não consideradas geraram o colapso final da empresa. Palavras, gestos, atitudes e silêncios são muito importantes.
Essa é a sabedoria das sementes.

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