A ARTE DOS ENCONTROS

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Felipe José dos Santos - Advogado

Ganhei um livro interessante há poucos dias. O livro trata da arte dos encontros e explica o motivo de reuniões de família, de reuniões de amigos ou até mesmo de como reuniões de trabalho podem ser mais produtivas e agradáveis.

O mais interessante é como a autora, Prya Parker, aborda o tema, informando que muitas vezes a vontade que as pessoas têm de fazer uma reunião harmoniosa, sem conflitos e pacífica, acaba por transformar esses momentos em reuniões cansativas, desmotivadas e completamente sem sal.

Ela fala que quando as pessoas são muito “civilizadas”, ou seja, são educadas demais, não querem ser inconvenientes e agem de forma muito cheia de cuidados, acabando por
se transformar um pouco em robôs, deixando de agir de forma natural e, inclusive, optando por se omitir ao invés de arriscar a demonstrar sua autenticidade.

Uma das dicas que a autora do livro dá é a de criar divergências de forma controlada, onde as pessoas possam ser mais verdadeiras, autênticas e falar sobre assuntos que realmente possuem significados e motivam os convidados ou participantes.

Prya Parker afirma em seu livro: “Pode ser que você tenha sido criado, assim como eu, ouvindo o adágio de evitar conversas sobre sexo, política ou religião nos seus encontros. Esse preceito de evitar o que é perigosamente interessante é muito comum. Pessoalmente acredito que poucas coisas são tão responsáveis pela mediocridade e chatice de muitas reuniões”.

Qual é a graça de um encontro se as pessoas não podem ser quem são e falarem o que pensam sobre os assuntos mais polêmicos? Qual é o sentido de se encontrarem diversas pessoas diferentes, com mentalidades diferentes e sensações diferentes se devem se comportar como se fossem todos iguais?

O problema está, geralmente, na incapacidade que a maioria das pessoas tem de se comportar quando são verdadeiras, genuínas e defendem seus pontos de vista; mais ainda quando estão em um ambiente descontraído ou com menor filtro social em decorrência de bebidas relaxantes ou estimulantes.

Quem sabe as reuniões entre amigos, os jantares ou as próprias reuniões familiares ficarão melhores quando a humanidade conseguir falar de assuntos espinhosos e prioritários, sem cair no buraco negro da rivalidade, da disputa entre extremismos ideológicos, religiosos ou preconceitos sexuais.

Falar de tudo, sobre tudo e de forma mais profunda, pode ser uma maneira de tornar encontros mais interessantes, mas somente quando existir, de cada um, a capacidade de autocontrole para ouvir as verdades omitidas e entender que, acima de tudo, devemos encarar com generosidade as divergências que ajudam a criar novas realidades e concepções.

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