Abreviado em um terço da vida

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O paranaense Antônio Hashitani, de 25 anos, morreu em combate na guerra na Ucrânia. Ele atuava como voluntário em um grupo paramilitar, na cidade de Bakhmut. Foi notícia em toda a mídia ocidental a morte de um menino, como nós dizemos aqui no Rio Grande, um piazote, com toda a lenha pra queimar e toda a vida pra levar. Foi uma existência cortada ao meio ou, bem menos que isso, cortada em um terço.

Mas a abordagem que observei, em toda a imprensa nacional, não trouxe à tona o pano de fundo dessa tragédia, nem os jornalistas de opinião abordaram essa morte com a devida atenção, e reflexão, sobre o que levou esse guri para essa fatalidade.

Se pensarmos com coerência e razoabilidade não encontramos qualquer indício de lógica na atitude de uma pessoa que sai aqui do Brasil para ir participar de uma guerra lá na Ucrânia, principalmente se essa pessoa não possui um vínculo ou um elo de ligação afetivo que justifique essa atitude. Qual seria o elo de ligação, a justificativa que fez esse menino ir perder a vida em uma guerra que não era sua? Essa é a pergunta que ninguém fez, ninguém levantou nos grandes meios de comunicação e, também, ninguém quis refletir sobre esse espinhoso tema.

Esse menino, que estudava medicina e fazia parte de uma família razoavelmente estruturada, foi encantado por uma ideia messiânica, como se ele fosse um herói libertador e como se sua participação fosse mais significante na guerra do que na sua vida no Paraná.

O que ele realmente queria? Liberdade, aventura, justiça? Seriam esses os seus princípios? Como chegou à conclusão de que encontraria liberdade, aventura, justiça ou paz em uma guerra?

Se a guerra não fosse tão estimulada e a violência não fosse tão retratada com normalidade, esse guri, que hoje é tratado como herói, não teria se encorajado em ir direto na direção da morte certa. Se as pessoas tivessem ideia do que é uma guerra, jamais pensariam em estar envolvidos em qualquer uma delas e nunca seriam ingênuos, o suficiente, para dar a vida em uma causa que não merecesse sua vida.

A guerra é baseada em tudo aquilo que há de mais sórdido, vil e rasteiro na humanidade. Na guerra não há coerência, não há justiça, não há piedade e nem mesmo a coragem que os soldados mentem terem tido, quando voltam de suas campanhas covardes, cheias de mortes e outros crimes bárbaros.

A guerra é a escola dos sádicos onde toda a raiva humana é estimulada até se transformar de um erro em uma virtude. O mais doente, o mais lunático e o mais degradado moralmente é visto, na guerra, como o mais forte e aquele que possui a “virtude” da violência.

Os grandes guerreiros, na verdade, são pessoas tomadas pelo pânico da morte que se transformam em bestas assassinas quando soltam seus instintos mais cruéis e doentios. Um “grande guerreiro”, nada mais é do que o herói dos estúpidos, aquele que sobrevive no vale tudo da barbárie da desumanidade.

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