Frente Parlamentar pretende conscientizar homens pelo fim da violência contra as mulheres

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O coordenador Adão Pretto Filho avalia que o aumento da violência familiar e doméstica exige ações de prevenção e combate com respostas rápidas às vítimas

Relançada pelo deputado estadual Adão Pretto Filho (PT), frente foi criada em 2011 numa iniciativa inédita no país.

A Assembleia Legislativa instalou na tarde da segunda-feira (3) a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que terá como coordenador o deputado estadual Adão Pretto Filho (PT).

O objetivo é dar continuidade aos trabalhos que já estavam sendo realizados, intensificando as ações de conscientização junto aos homens e a elaboração de leis para proteger a vida das mulheres. A solenidade reuniu representantes dos poderes, diversas entidades e movimentos sociais no Salão Júlio de Castilhos.

A Frente Parlamentar foi criada em 2011, numa iniciativa inédita no país liderada pelo então deputado Edegar Pretto (PT), que conduziu os trabalhos até 2022. A recriação foi requerida nesta legislatura por Adão Pretto e aprovada com o apoio de parlamentares do PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSD, PSDB, PP e Republicanos.

Deputado destaca números alarmantes da violência – Durante o evento, Adão Pretto chamou a atenção para os números alarmantes da violência contra a mulher em janeiro e fevereiro de 2023. Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o RS já registrou 3.669 casos de lesão corporal, 389 estupros e 15 feminicídios. O coordenador avalia que o aumento da violência familiar e doméstica exige ações de prevenção e combate com respostas rápidas às vítimas, e que a recriação da Frente une esforços nesse sentido.

“Assumi esse compromisso com a sociedade gaúcha e especialmente com as mulheres, ainda no período eleitoral, de que se eu tivesse oportunidade de estar aqui no Parlamento, iria debater esse assunto com muita seriedade sem tirar o protagonismo das mulheres nessa luta centenária por igualdade e justiça. Me coloco à disposição e ao lado das mulheres, porque não podemos aceitar os altos índices de violência”, destacou.

A cultura machista, disse o deputado, vem de muitas gerações e, portanto, para mudar essa prática não será do dia para a noite, mas com ações e dialogando com as crianças e os jovens através da educação. “Quero criar um grupo de trabalho e que cada um dos senhores e senhoras se sintam membros para que possamos elaborar iniciativas, projetos de lei e campanhas de conscientização”, adiantou.

O deputado afirmou também que a presença de tantas autoridades no ato de lançamento mostra a importância do tema e de dialogar e construir legislações como a Maria da Penha. “Temos que cobrar do governo do estado orçamento, porque é com recursos que iremos empoderar as delegacias para que tenham mais força policial, mais força da Rede Lilás, da rede de atendimento às mulheres”, defendeu.

No RS, mulheres ainda são mortas com faca e espetos.

Para Télia Negrão, não será possível combater e fazer o enfrentamento se não chamar à consciência os homens que perpetram a violência

Telia Negrão, que integra a coordenação nacional da campanha Levante Feminista contra o Feminicídio e Lesbocídio, ressaltou que nos últimos anos houve o recrudescimento da “cultura da violência no Brasil, a partir da política da morte que colocou armas nas mãos dos agressores”. Segundo ela, cerca de 1.500 mulheres perdem a vida todos os anos de forma violenta por serem mulheres. Para a ativista, não será possível combater e fazer o enfrentamento se não chamar à consciência os homens que perpetram a violência.

“Hoje o Brasil é um país em que mais se mata mulheres dentro de casa, com arma de fogo, à exceção do Rio Grande do Sul, onde as mulheres ainda são mortas com faca, espetos e outros instrumentos transformados em armas, por isso estamos desafiados a mudar culturas e comportamentos. Para isso, precisamos voltar a ter orçamento para as mulheres, combater a impunidade e disseminar nas escolas a ideia de respeito às mulheres”, argumentou.


A defensora pública e dirigente do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, Liseane Hartmann, também esteve presente

Defensora pública e dirigente do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, Liseane Hartmann chamou a atenção para a importância de envolver os homens no combate à violência contra as mulheres.

Por vídeo, o presidente da Conab, o ex-deputado Edegar Pretto, contou que foi um privilégio ter presidido a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres e desejou sorte ao irmão, Adão Pretto, na condução dos trabalhos.

A delegada Fernanda Campos, o dirigente nacional do MST Maurício Roman, a deputada federal Reginete Bispo (PT/RS) e o deputado federal Alexandre Lindenmayer (PT/RS) também se manifestaram.

Solenidade contou com a apresentação da cantora Rosângela Silveira

A solenidade de instalação também contou com a apresentação da cantora Rosângela Silveira e a presença de vereadores e vereadoras, representantes de gestões municipais, da segurança pública, universidades, entre outros.

Adão Pretto Filho encerrou o ato de lançamento da Frente Parlamentar declamando a poesia “Gaúcho bem macho não maltrata a companheira”, de autoria de Severiano Telles.

Histórico da Frente – A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul foi a primeira a criar, ainda em 2011, a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, inspirando Câmaras de Vereadores de várias regiões do estado, que lançaram as Frentes Parlamentares Municipais.

Uma das suas principais campanhas é a do “Cartão Vermelho para a violência contra as mulheres”, que envolve clubes de futebol em ações de conscientização durante os jogos. Os dois principais parceiros são o Inter e o Grêmio. Também foram realizadas edições do Encontro Gaúcho de Homens e publicações do Relatório Lilás, que é uma referência para análise do fenômeno da violência de gênero no estado.

Participaram do relançamento, deputadas/os, vereadoras/os, representantes de gestões municipais, da segurança pública, universidades, entre outros

Fonte: Brasil de Fato – Edição: Katia Marko – Fotos: Joaquim Moura

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