O menino

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Felipe José dos Santos, advogado.

O El Niño é um fenômeno meteorológico que acontece, normalmente, de sete em sete anos, caracterizado por um aquecimento das águas do Oceano Pacífico. Esse acontecimento vem sendo registrado a partir de inundações e mudanças climáticas drásticas que ocorrem na natureza em decorrência da diminuição dos ventos alísios, que são ventos que ajudam a diminuir o aquecimento.

O El Niño de 2023 está batendo recordes de desorganização climática e atingindo mais áreas globais do que o pior evento, que aconteceu em 1997. O aquecimento do Pacífico naquele ano de 1997 pode ter sido maior, mas os efeitos do El Niño ficaram restritos a uma pequena parte do globo terrestre. Agora, em 2023, está acontecendo um evento
de maior magnitude, pois o El Niño pode estar ocorrendo concomitantemente com o aquecimento global, tão falado pelos ambientalistas e tão contestado pelos negacionistas. O mês de julho de 2023 ficou registrado como o mês mais quente da história das medições de temperatura passando o limite estabelecido em 2016, que foi outro ano onde se apresentou o fenômeno El Niño.

Esta semana foi registrada a sensação térmica de 58 graus Celsius no Rio de Janeiro, uma temperatura muito acima da média saudável para a sobrevivência humana. Na China, a cidade de Turfã alcançou a marca de 52,2 graus Celsius em junho desse ano e na Califórnia, nos EUA, os marcadores bateram 53,3 graus Celsius, sem contar que na Península Ibérica foi atingido o marco de 60 graus Celsius em 12 de julho deste ano.

Esse descompasso de aquecimento no Oceano Pacífico acaba por criar mais ciclones extratropicais que mudam o sistema de ventos e desorganizam as chuvas, criando grandes áreas de alagamento e inundações e grandes espaços de terra sem umidade, o que prejudica o sistema de plantio e desorganiza as colheitas e a própria economia daqueles que sempre tiveram um certo planejamento baseado na estabilidade climática.

Desorganizar o clima não parece ser uma boa ideia para os humanos que dependem tanto dele, mas o que temos percebido no dia a dia é que a grande maioria da população mundial está fechando os olhos para essa questão crucial, que impacta a saúde humana e a própria organização social e a economia global.

Essa incapacidade de percebermos que a estrutura biológica global é a nossa verdadeira estabilidade da existência e que estamos agindo de forma agressiva contra o equilíbrio do sistema ecológico pode estar criando uma ruptura na estabilidade e na ordem biológica que sempre nos tratou com tanto carinho e de forma tão amena.

Pode ser que, se continuarmos nessa toada, daqui a alguns anos tenhamos saudade das chuvas mansas e refrescantes, do sol caridoso, que até bem pouco tempo nos aquecia sem nos ferir, e das brisas leves, que refrescam sem ameaçar.

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