Mísseis ou fogos de artifício?

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Felipe José dos Santos, advogado.

A chapa está esquentando na geopolítica mundial. Além da invasão à Faixa de Gaza pelos israelenses, houve um ataque de Israel a uma embaixada do Irã, onde foram mortos dois altos comandantes do exército iraniano, acusados de serem cúmplices do Hamas. Alguns dias depois os iranianos lançaram cerca de 350 ataques ao território de Israel, sendo que todos ou quase todos foram interceptados.
Na guerra de narrativas do ocidente contra o oriente, o que pipoca pelos noticiários é a ideia de que Israel possui uma estrutura de defesa chamada “Domo de Ferro”, que é intransponível, e que, por isso, nenhum ataque do Irã atingiu solo israelense. Já analistas políticos e militares, que estudam a questão com mais profundidade, afirmam que esse ataque do exército do Irã foi mais um ataque de advertência do que um ataque com o objetivo de criar vítimas civis ou militares; teria sido uma ação estratégica para alertar o mundo que o próximo ataque pode ser bem mais nocivo e difícil de defender.
Também existem analistas e pesquisadores que afirmam que a guerra em Gaza tem o objetivo de liberar o norte de Gaza para que Israel consiga acessar jazidas de gás para fornecer energia à Europa, considerando que, com a guerra na Ucrânia, houve a destruição dos túneis de gás que supriam partes daquele continente, principalmente a Alemanha.
Geralmente as guerras são mais econômicas do que políticas, étnicas ou religiosas, embora os governos usem desses argumentos por serem mais fáceis para mobilizar seus cidadãos. Por isso as ações que estão acontecendo possuem uma boa dose de teatro, para justificar em ambos os lados o argumento da soberania e da defesa do país.
Alguns comentaristas de geopolítica falam, inclusive, que o ataque que o Irã fez a Israel teria a concordância dos EUA, principal aliado de Israel, e que o Irã teria se comprometido em fazer um “ataque leve”, somente com o intuito de “devolver a ofensa” na embaixada. Se isso é verdade se confirma que a diplomacia luta para justificar as ações dos governos tanto contra inimigos internos quanto contra inimigos externos dos países. Ao simular um ataque, o Irã estaria justificando para seus patriotas que “tomou uma atitude”, mesmo que ela tenha sido inútil, e os israelenses poderiam dizer para seus habitantes que o governo judeu tem força suficiente para defender seu povo.
O grande problema nesse “Teatro de Guerra” está no imponderável, na possibilidade de, por algum erro ou engano, as coisas saírem do controle, podendo produzir uma reação em cadeia difícil de controlar.
Se essa reação em cadeia acontecer poderemos estar entrando na terceira guerra mundial. Se os líderes mundiais estiverem tão obcecados pelo poder e tão cegos sobre a imensa vantagem da diplomacia, nos restará somente torcer para que não se chegue ao improvável ponto culminante e irracional do uso de armas nucleares.

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