O INÚTIL TEMPO DO ENTRETENIMENTO

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Tenho retomado esse tema, algumas vezes, pois sempre existe algo que não foi dito sobre o tempo e o prazer, o entretenimento e a evolução.

Em um primeiro momento temos que observar que existe um senso comum sobre o prazer vir, somente, do entretenimento e outra interpretação geral de que a evolução é trabalho o que, por sua vez, a torna obrigação desprazerosa.

Desse contexto se retira a conclusão de que tudo o que nos faz evoluir se aproxima do trabalho e tudo o que nos dá prazer nos aproxima do entretenimento. Assim, por essa visão, a evolução passa a ser um empenho “trabalhoso” e o retrocesso passa a ser um entretenimento “prazeroso”.

Com base nessas ideias começamos a desenvolver uma tendência a nos dedicar mais àquilo que consideramos prazeroso do que àquilo que consideramos trabalhoso e, junto com isso, distribuímos nosso tempo em percentuais cada vez maiores para a distração, o “prazer” e o entretenimento e cada vez menos para a evolução, que representa “trabalho” e foco.

A grande questão parece estar na falsa ideia de que o entretenimento e o passatempo são produtores de prazer, quando eles são, geralmente, uma fuga da realidade e uma omissão em transformar as coisas.

Quem sabe nos sobrasse um pouco mais de realidade se entendêssemos que nosso sistema gerador de prazer está deslocado e estamos inclinados a ter prazer quando fugimos da realidade, enquanto deveríamos ter um pouco mais de prazer em transformar a realidade.

O que o tempo teria a ver com isso? Onde entram os minutos, as horas, os dias e anos nessa conversa? Entram exatamente no momento que percebemos que estamos fazendo uma opção de, na maior parte de nossas vidas, escolhermos o entretenimento como satisfação de nossos anseios ao invés de vermos, na evolução, a produção do prazer de viver.

Mas o que quer dizer a palavra entretenimento mesmo? Entretenimento é distração, e distração é “falta de concentração dos sentidos no que se passa à volta; desatenção”. A palavra evoluir significa “evolucionar, progredir, ampliar, alterar-se, crescer, florescer, prosperar, aumentar, melhorar”. Então, para refletirmos, pode nos parecer coerente termos prazer em ficarmos desatentos e com falta de concentração e não termos prazer em trabalhar para a evolução?

É esse deslocamento (de achar prazer na fuga da realidade e de não encontrar sentido na construção da evolução) que está criando uma enormidade de pessoas que odeia evoluir e ama retroceder, achando que a evolução é uma pena e o retrocesso é uma dádiva. Quando a humanidade toda coloca um percentual maior do seu tempo na construção do entretenimento e da fuga da realidade, nos sobra pouco tempo para construir o verdadeiro prazer da evolução humana.

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