Dinheiro x República das Bananas

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Felipe José dos Santos, advogado.

O empresário bem sucedido contra o ministro do STF: mais uma briga de galos no tambor das rinhas para os apreciadores do maniqueísmo se deliciarem. Sarney contra Maluf, Collor contra Lula, FHC contra Lula, Lula contra Serra, Dilma contra Aécio, Bolsonaro contra Hadad e Bolsonaro contra Lula. As pessoas ainda acreditam que se trata de pessoas e de nomes essas disputas? Depois de tanto tempo não conseguimos ver que existem projetos de poder atrás de cada movimento político que apresentam para a sociedade? Que grupos de poder estão por trás de Lula, de Alckmin, de Bolsonaro, de Tarcisio, de Malafía, de Gilmar Mendes, de Alexandre de Moraes ou de Elon Musk?
Alexandre de Moraes foi nomeado ministro da Justiça por Temer e depois foi nomeado ministro do STF pelo mesmo Temer, que se beneficiou e foi um dos traíras que ajudou a construir o impeachment de Dilma. Temer foi um grande oportunista, que se alçou a um dos principais cargos de poder institucional da República brasileira. Temer mantém seu poder político literalmente ligado à elite econômica nacional, a elite que sempre mandou no Congresso, chamada de “centrão”. O centrão, na verdade, é um acumulado de aproveitadores que usam de todas as formas o fisiologismo político para garantirem polpudas emendas parlamentares como forma de regar as estruturas corruptas dos golpistas. Isso também acontecia na época do mensalão. Hoje o mensalão está legalizado através da “emendas parlamentares”. Alexandre de Moraes é fruto dessa elite nacional, vendilhona, que troca os interesses e a soberania nacionais por benesses da elite econômica mundial.
Por outro lado temos Elon Musk. Um bilionário africano que emergiu de forma muito rápida, chegou a atingir o lugar de homem mais rico do mundo, sendo que agora ocupa o terceiro lugar na lista da Forbes. Elon Musk é o garoto propaganda de multibilionários que, provavelmente, não aparecem na lista da Forbes. Os interesses que Elon Musk defende são os mesmos interesses daqueles que realizaram, lá em 1989, o Consenso de Washington, que tinha diversas diretrizes, entre elas a flexibilização dos bancos centrais, a diminuição das soberanias nacionais, a privatização das empresas estratégicas dos países em desenvolvimento, como energia elétrica, água, petróleo e minérios e, principalmente, a liberação do investimento estrangeiro direto no país, abrindo a possibilidade de compra de terras e de interferência econômica na estrutura nacional.
Depois do Consenso de Washington houve uma radicalização daqueles que controlam o maior fluxo de dinheiro do mundo, uma minoria de 1% da população mundial, afirmando que suas regras estão acima das regras de cada nação. Por isso estamos vendo guerras na Ucrânia, em Gaza, e esse ataque à soberania do Brasil que está acontecendo no momento. Não se trata de uma rinha de galos entre Musk e Moraes, mas de uma briga do capital internacional, que quer ter o direito de fazer suas próprias regras dentro dos países sulamericanos, afirmando que se não deixarem fazer aquilo que quiserem, os países estão tolhendo a “liberdade de expressão”.
A liberdade de expressão que eles querem é a liberdade para criar narrativas e fakenews, assim como fizeram com a Cambridg Analitic na Inglaterra, como fizeram nas eleições norteamericanas e também no Brasil e na Argentina. A disputa de Elon Musk com Alexandre de Moraes é uma disputa entre o poder econômico mundial e a soberania nacional, mesmo que o “representante” dessa soberania seja o “oportunista e escalador” Alexandre de Moraes.
Assim como temos que conseguir enxergar por trás do pano que esconde os acordos da política nacional, devemos ter a capacidade de ver quais são as forças que estão se digladiando nessa luta entre um empresário que ocupa o terceiro lugar na lista da Forbes e um ministro do STF da República do Brasil.

Felipe José dos Santos, advogado.

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