O menino cresceu

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Felipe José dos Santos, advogado.

Quando parecia que estava indo embora o El Niño mostrou suas garras novamente. Elencado como um dos cinco mais graves fenômenos da história, o evento climático de 2023/2024 veio aterrorizar o Rio Grande do Sul.
Enchentes, estouro de represas, impossibilidade de colheita, desabrigados e mortos em decorrência de uma chuvarada hostil e ininterrupta. Choveu em poucas horas mais que o dobro das previsões mensais. Encostas ruíram, pontes foram arrancadas e estradas desmoronaram por todos os cantos do Rio Grande.

Félix Guattari, em sua obra “As Três Ecologias”, de 1989, afirmou que “O princípio particular à ecologia ambiental é o de que tudo é possível tanto as piores catástrofes quanto as evoluções flexíveis. Cada vez mais, os equilíbrios naturais dependerão das intervenções humanas. Um tempo virá em que será necessário empreender imensos programas para regular as relações entre o oxigênio, o ozônio e o gás carbônico na atmosfera terrestre”.

Com isso, o escritor estava antevendo, como outros, muitos, ambientalistas já haviam falado, que a emissão de carbono seria uma das causas de aquecimento e de desorganização ambiental.

José Lutzemberg, prêmio nobel de ecologia, há cerca de 30 anos, afirmou “Não poderemos remediar as consequências desagradáveis, mas ainda assim poderemos impedir a continuidade da devastação. Nós sempre podemos aprender com nossos erros. Mas temos o direito de arriscar erros que tenham resultados inaceitáveis e irreversíveis?”.

Estando comprovado que o aquecimento global é real e ficando claro que o aumento de intensidade dos fenômenos naturais se deve, exatamente, por essa desorganização nas temperaturas da terra, passa a ser urgente não só uma política para prever e programar ações em defesa das populações desassistidas como, também, começar, mesmo que de forma tardia, uma grande mobilização mundial em defesa da nossa própria existência.

A humanidade que se vangloria em todo o momento de ser racional, inteligente, dominante, está conseguindo provar a si mesma que nada mais é do que uma grande gama de pessoas infantilizadas que priorizam tudo, menos a própria existência.

Quando afirmamos que parar de destruir o meio ambiente é um sonho ou uma utopia, estamos dizendo que ou somos covardes para enfrentar a realidade ou, no mínimo, somos irracionais e incompetentes para perceber a obviedade que o planeta está nos mostrando.

Se a mudança de atitude não acontecer em larga escala, com uma mobilização realmente transformadora e conjunta, nos restará novas e sucessivas catástrofes ambientais. Já não basta mais darmos razão àqueles que previam essa situação, temos que construir um caminho na contramão daquilo que, até agora, consideramos evolução.

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