De Olho na IdeiaPor: Felipe J. dos Santos
O Brasil ocupa a posição nº 131 no ranking do Índice Global da Paz. O país mais pacífico do mundo é a Islândia, seguida por Irlanda, Austrália, Nova Zelândia, Singapura e Suíça. Segundo o mesmo índice, os seis menos pacíficos são: Afeganistão, Sudão do Sul, Síria, Iêmen, Somália e República Centro-Africana.
O Brasil, mesmo sem entrar em guerras com outros países — sendo a última a Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870 —, está quase no final da lista dos 195 países reconhecidos no mundo.
O que explica essa falta de paz? Por que somos tão violentos internamente, a ponto de estarmos entre os últimos colocados no ranking da paz?
A impressão que temos, por estarmos acostumados com nossa realidade interna, é de que somos uma nação alegre, pacífica e descontraída. No entanto, estamos somente sete posições acima do México, país conhecido pela barbárie da guerra do narcotráfico, e apenas 11 pontos à frente da Venezuela. Além disso, perdemos feio, muito feio, para a Argentina, que ocupa a 47ª posição; para a Bolívia, na 68ª; e para o Chile, que está na 64ª posição do Índice Global da Paz.
Se não temos guerras externas há 155 anos, fica evidente que nossa “falta de paz” é fruto da nossa própria condução do país. Nossa violência é resultado da incapacidade de nos entendermos como nação e de nos pacificarmos internamente.
Qualquer estudo sociológico, mesmo superficial, demonstra que a violência interna de uma nação tem origem em alguns indicadores básicos, como desigualdade social, conflitos políticos, guerras civis ou golpes de Estado, presença de organizações criminosas e, também, rigidez ideológica ou religiosa, que criam dogmas intransponíveis (ou seja, ideias que não admitem possibilidade contrária, verdades absolutas).
Mahatma Gandhi e Nelson Mandela deixaram ensinamentos preciosos para o mundo e, entre eles, sempre afirmaram que “a violência é fruto da ignorância”, pois as pessoas só se tornam violentas por não conseguirem conceber a importância e os benefícios da paz.
Uma das primeiras questões que devemos esclarecer é a sensação de normalidade que temos ao conviver com a violência. Precisamos deixar de ser ignorantes nesse quesito e passar a compre ender que somos nós, brasileiros, quem convivemos e reproduzimos essa forma violenta de viver. Temos que começar a entender que estamos sendo inimigos de nós mesmos, principalmente quando não temos inimigos externos.
Poucos falam sobre isso, poucos dão ênfase à relação entre ignorância e violência, porque já existe uma estrutura montada que mantém o Índice Global da Paz do Brasil em um nível tão alto que impede os brasileiros de, em paz, construirem e usufruirem da riqueza que possuímos.
Se existe uma prioridade que deve ser levada em conta no atual momento da história de nossa nação, essa prioridade se chama pacificação interna e erradicação da ignorância que perpetua um sistema de injustiça social.
Sensação
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Umidade