Visão de FéPor: Cônego Alexander Mello Jaeger
Há três tipos de pessoas. As que fazem escolhas do mal. As que são boas, cumprem as leis e normas, são honestas e justas, conhecidas como pessoas de bem. Há as que buscam ser sempre melhores, sabem que são tentadas pelo mal, não são perfeitas, mas procuram a santidade.
Ouvi esta distinção dos seres humanos em uma palestra, na semana passada, de um padre que viveu muitos anos no Japão. Ele aprendeu isso de um teólogo que lhe orientava. Considerei pertinente esta classificação.
O palestrante recordava que o Japão é um país modelo em questões de educação, disciplina e cumprimento das leis. Uma cultura muito forte com características peculiares. Lembrei dos anos que vivi em Roma, quando era comum a presença de turmas de estudantes das escolas do Japão, que recebiam as aulas nos locais históricos. O poder econômico japonês permitia isso. Todos os estudantes usavam uniforme e as meninas tinham o mesmo corte de cabelo. Eram muito disciplinados.
No Japão há uma cultura milenar de agradecer favores, mesmo os mais simples. Em 9 de março se celebra o dia de Agradecer através de presentes. Há lojas especializadas em vender estes produtos. É algo muito bonito, mas não se tem o espírito do perdão. Podemos recordar a antiga prática do Seppuku ou Harakiri, o suicídio honroso. Já ouvi muitas vezes a notícia que um marido, político ou empresário pego em corrupção tira a própria vida. Não há perdão. Atualmente, cresce a taxa de suicídio entre crianças e adolescentes no Japão.
Na visão da fé cristã o homem de bem é o Antigo Testamento, quando se cumpria a Lei. Jesus nunca negou a importância da Lei, mas pedia a misericórdia. O diferencial do cristianismo é a misericórdia, a capacidade de perdoar. Deus perdoa, então me pergunto, como não sou capaz de perdoar alguém arrependido? Não sou eu também um pecador, necessitado de conversão e perdão? Na Igreja católica o perdão foi elevado à categoria de sacramento.
Ter fé em Jesus significa ultrapassar a justiça com a caridade. Conseguir ser mais que uma pessoa de bem é o que a Bíblia chama de santidade. A Igreja oferece o exemplo de milhares de jovens, homens e mulheres que, mesmo sendo pecadores, alcançaram um nível heroico de santidade, alguns dando a vida em martírio, outros superando cada dia as cruzes da vida. Dois exemplos de jovens são o Coroinha Adílio, de nossa Diocese e Carlo Acutis.
O tempo quaresmal é a oportunidade de perdão, misericórdia e reconciliação. Sou eu que decido que tipo de pessoa quero ser.
Sensação
Vento
Umidade