De Olho na IdeiaPor: Felipe J. dos Santos
No contexto das investigações e análises de acontecimentos, a pergunta "Cui bono?" quer dizer: quem se beneficia? Esta é uma ferramenta essencial para compreender os acontecimentos que moldam o mundo. Na atual era da desinformação, essa pergunta tem sido progressivamente obscurecida, não apenas por narrativas manipuladas, mas também pela crescente desqualificação do pensamento crítico. O enfraquecimento da capacidade de análise do público faz com que a relação entre os acontecimentos e seus beneficiários diretos se torne cada vez mais difícil de enxergar, permitindo que suspeitos legítimos escapem da responsabilização.
A desinformação opera criando versões contraditórias dos fatos e estimulando um ambiente de ceticismo não fundamentado, no qual verdades objetivas são descartadas como "opiniões" ou "narrativas alternativas". Nesse cenário, o pensamento crítico — a habilidade de analisar informações de maneira lógica, fundamentada e independente — tem sido desqualificado. Instituições acadêmicas, veículos de imprensa e especialistas são frequentemente atacados como parciais ou manipuladores, minando a confiança do público naqueles que poderiam oferecer esclarecimentos sobre os acontecimentos globais.
Essa desqualificação do pensamento crítico gera consequências alarmantes. Quando o público perde a capacidade de avaliar informações de maneira estruturada, torna-se mais suscetível a aceitar versões deturpadas dos fatos sem questionamento. Assim, eventos de grande impacto, como crises políticas, guerras e escândalos financeiros, são apresentados ao público de maneira superficial, sem que haja um esforço genuíno para identificar e expor aqueles que se beneficiam diretamente deles. Dessa forma, os verdadeiros responsáveis por atos ilícitos ou imorais permanecem protegidos, enquanto a sociedade é conduzida por versões fabricadas da realidade.
Ao desvalorizar o pensamento crítico, aqueles que lucram com a manipulação da informação conseguem consolidar seu domínio sobre o imaginário coletivo. A ausência de questionamentos profundos e investigações independentes permite que determinados grupos fortaleçam sua influência política, econômica e social sem resistência significativa. Em um mundo onde informações se multiplicam sem critérios claros de veracidade, a simples pergunta "Cui bono?" (quem realmente ganha com isso?) torna-se ainda mais urgente, pois pode representar a diferença entre compreender a verdade dos fatos ou sucumbir à ilusão da propaganda.
Portanto, é essencial resgatar o valor do pensamento crítico como um antídoto contra a manipulação e a desinformação. Encorajar o questionamento, buscar fontes diversas e exigir transparência são passos fundamentais para garantir que a sociedade não permaneça refém de narrativas que obscurecem a verdade e favorecem interesses ocultos. Somente ao restaurar a capacidade de análise independente será possível recuperar a percepção do "Cui bono?" e impedir que beneficiários ocultos de eventos ilícitos continuem a operar longe dos olhos do público.
Saber quem se beneficiou de um acontecimento é o primeiro passo em direção à solução do problema, pois, enquanto guerras e atentados ocorrem, alguém está lucrando, alguém tem um interesse que ninguém está enxergando ou, na pior das hipóteses, alguém está ocultando.
Sensação
Vento
Umidade