De Olho na IdeiaPor: Felipe J. dos Santos
A neurociência vem estudando a música como forma de estimular comportamentos e desenvolver sensações. Hoje, com o aparecimento da neuroimagem, principalmente a ressonância magnética funcional e a eletroencefalografia, os pesquisadores conseguem perceber que há possibilidades de influenciar os ouvintes, ativando áreas do cérebro que podem causar emoções como prazer, calma e até mesmo sentimentos negativos como o ódio.
A música pode ser usada como um instrumento de modulação das massas se uma determinada música, que viraliza, foi programada para gerar determinada emoção. Isso parece teoria conspiracionista, mas não é. Já está provado que determinadas músicas podem aumentar a liberação de dopamina, um neurotransmissor vinculado à sensação de prazer e recompensa, outras músicas podem criar relaxamento e redução de estresse, e outras, também, podem gerar agitação, ansiedade e angústia e até mesmo comportamentos agressivos.
Com base nesses estudos existem terapias que estão se desenvolvendo com o objetivo de aliviar sintomas de depressão, ansiedade e dor crônica.
A filosofia antiga já falava sobre isso. E parafraseando a Bíblia já existiam ditados como “diga-me o que ouves que te direis quem és” ou, ainda, “quem canta os males espanta”.
Lúcia Helen Galvão vai mais ao fundo e afirma que a música é um padrão vibratório com capacidade de sintonizar o ouvinte nesse padrão. Dependendo do padrão vibratório que a música emana, as pessoas podem se sentir tanto em estados positivos quanto negativos. Ela afirma, ainda, que “ouvir músicas com vibrações grosseiras e agressivas, pode influenciar negativamente a consciência e o comportamento das pessoas”. Lúcia diz que a maioria das pessoas sequer percebe que está sendo conduzida por uma música negativa, pois as pessoas não estão sempre alertas sobre a influência do meio em seus ânimos.
Isso acontece muito nos momentos em que as pessoas saem para o entretenimento, pois a ideia nessa ocasião é descontrair e não estar com o senso crítico aguçado para se contrapor às músicas ou se colocar em desconformidade com os grupos.
Como quase não existe mais ensino musical nas escolas, grande parte da população não possui senso crítico, musical, para avaliar o que é uma música boa ou uma música ruim, se quem está cantando está afinado e possui uma boa voz ou se é um aventureiro que não possui qualquer talento, mas engana seus ouvintes, que são menos qualificados que ele.
A régua que mede a musicalidade nos dias atuais é a régua da exposição. Quanto mais compartilhamentos, mais sucesso.
Villa Lobos foi cirúrgico quando afirmou que “não é um povo inculto que vai julgar as artes, são as artes que mostram a cultura de um povo”.
Sensação
Vento
Umidade