Visão de FéPor: Cônego Alexander Mello Jaeger
No dia 23 deste mês a Igreja celebra a Solenidade de Jesus Cristo Senhor e Rei do Universo, para afirmar que Deus governa o passado, o presente e o futuro. Esta é uma afirmação de fé. Há a tentação de ligar a fé, expressa na religião com a política. Uma das três tentações do demônio para Jesus foi esta. Jesus venceu. Na humanidade nem sempre se vence esta tentação e se une fé e política. Repito, é uma tentação.
Se fosse perguntado a Jesus como deveria ser o governo, ele provavelmente diria que seria uma monarquia exercida sem tirania. Jesus não conhecia a democracia moderna, o parlamentarismo ou presidencialismo e outras coisas. Para ele era muito claro a separação entre os reinos. Para Pilatos Jesus disse, meu Reino não é deste mundo. Deus está acima das coisas deste mundo.
A tentação de unir religião e política, sempre se mostrou desastrosa na humanidade. A tentação de opor uma a outra também se mostrou terrível na história. As duas, que são realidades distintas, autônomas e independentes, devem colaborar entre si, pois ambas buscam o bem da humanidade.
Desde a Proclamação da República, pelo Decreto 119-A, que separou Igreja e Estado, o Brasil se define como um Estado laico. Há muita confusão sobre o que isto significa.
O Estado laico não tem seu ordenamento jurídico vinculado a um credo religioso, não tem uma religião oficial, não privilegia ou despreza alguma crença e não permite que ações políticas sejam justificadas em Deus, Livros Sagrados, entidades espirituais e divindades.
Por outro lado, o Estado laico garante a liberdade de cada crença realizar o seu culto (locais, datas, feriados...). Ele não se opõe à possibilidade das diversas religiões se expressarem sobre assuntos de interesse das comunidades locais, nacionais ou internacional. O Estado laico garante a possibilidade da expressão das religiões no âmbito público.
O Brasil não é um Estado ateu, no qual se reduz a fé ao privado, proibindo qualquer manifestação pública. No Brasil, logradouros, ruas, praças, prédios públicos (não governamentais) podem ter relação com a religião. O nome do Estado e da cidade de São Paulo são exemplos. O que é público pertence a toda a sociedade e não somente ao Estado ou administrações locais. A separação da religião é com o Estado e não com o público. Isso é ateísmo e não liberdade.
Melhor viver no equilíbrio das diferenças e diversidades do que nas submissões. Política e religião é um péssimo casamento.
Sensação
Vento
Umidade