De Olho na IdeiaPor: Felipe J. dos Santos
Quem tem acompanhado meus artigos sobre a Guerra na Ucrânia sabe que muitas das narrativas veiculadas pela mídia ocidental já caíram por terra. Foi dito que Zelenski era um herói, um grande libertador que defendia sua nação contra as injustiças da Rússia. Disse-se também que a OTAN era imensamente superior à Rússia e que Putin era um bandido, um ditador desalmado, enquanto os "heróis" do Ocidente salvariam a Ucrânia das garras dos "malvados" russos. Diversos comentaristas de geopolítica afirmavam que os embargos econômicos iriam quebrar a Rússia e que Putin sofreria um golpe de Estado, uma vez que sua população estaria revoltada com as atitudes do governo.
No entanto, os acontecimentos demonstraram que esses cenários eram, em grande parte, ilusórios. Putin, por exemplo, realizou eleições durante o conflito, contestadas pelo Ocidente, e foi reeleito sob protestos. Já Zelenski, o presidente da Ucrânia, teve seu mandato exaurido e, ao invés de realizar novas eleições, preferiu adotar a Lei Marcial para evitar o risco de se colocar à prova. Isso o fez ser criticado e ser chamado de ditador, algo que a mídia ocidental costumava atribuir a Putin até pouco tempo atrás.
Algo interessante aconteceu após a eleição de Trump nos Estados Unidos, revelando que a inteligência norte-americana não era, como muitos alegavam, frágil. Trump passou a defender a paz na Ucrânia, sugerindo que a Ucrânia deveria ceder territórios para a Rússia em troca da paz, reconhecendo que a guerra era complexa e difícil de ser vencida. Ao fazer isso, Trump jogou Zelenski para os leões. Em uma entrevista televisionada, Trump desmoralizou Zelenski, chamando-o de desrespeitoso e imprudente, acusando-o de brincar com a possibilidade de uma terceira guerra mundial.
Os mesmos norte-americanos que inicialmente incentivaram a guerra na Ucrânia agora estão se posicionando como propositores da paz. Zelenski, de herói mundial, tornou-se um "zero à esquerda", desmoralizado e cada vez mais cobrado pelos dólares e euros que recebeu.
Há uma frase muito repetida no mundo da geopolítica que afirma: “Se é ruim ser inimigo dos norte-americanos, muito pior é ser amigo deles”. Trump, embora não tenha um grande histórico de pacifismo, está usando um argumento muito forte ao questionar a indústria bélica e os repasses do orçamento público para grupos de lobistas e mercenários. A paz, mesmo quando defendida por alguém sem um histórico pacifista, é sempre um argumento sólido.
A Ucrânia foi dilacerada, seu povo perdeu milhares de vidas e a nação se tornou um exemplo de como a diplomacia e o diálogo devem ser respeitados. Aqueles que incitaram o país a entrar na guerra agora criticam a mesma guerra que ajudaram a desencadear, colocando a culpa na Ucrânia e no povo ucraniano pela tragédia que os acometeu.
Qualquer país que não preserve seus próprios interesses, que não defenda sua soberania e que permita a divisão interna, se torna vulnerável a interesses externos que utilizam a tática de dividir para conquistar.
Sensação
Vento
Umidade