De Olho na IdeiaPor: Felipe J. dos Santos
A normalização das máfias é um tema pouco discutido. Mas, afinal, o que caracteriza uma máfia? Quais são as grandes máfias brasileiras? Elas ainda existem? Quais são suas principais características?
Quando falamos nas principais máfias do mundo, geralmente nos lembramos das grandes organizações criminosas italianas, como a Cosa Nostra e a Camorra, ou das máfias chinesas, como as Tríades e a Máfia Fujian. Esses grupos atuam no tráfico de drogas, contrabando e tráfico humano, entre outras atividades ilícitas.
As máfias, em geral, possuem uma estrutura hierárquica bem definida, operam em atividades ilegais, exigem sigilo e lealdade absoluta de seus membros e exercem controle territorial baseado na corrupção e na violência. Muitas vezes, impõem códigos de silêncio para dificultar investigações e evitar a dissolução do grupo. Essas características fazem das máfias organizações poderosas e de difícil combate, especialmente quando se infiltram em estruturas legais e políticas.
No Brasil, as maiores organizações criminosas incluem o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Além dessas, há outros grupos regionais, como a Família do Norte, na região amazônica, e facções menores espalhadas pelo país.
No entanto, além das máfias tradicionalmente ligadas ao crime organizado, existem outras formas de atuação mafiosa que, apesar de operarem parcialmente dentro da lei, são eticamente questionáveis e podem ser tão ou mais perigosas. Entre elas estão as chamadas "máfias legalizadas", que incluem setores como lobby político, corporações que exploram brechas legais e manipulações no sistema financeiro.
A "máfia política" refere-se a esquemas de corrupção envolvendo políticos e empresários, que desviam recursos públicos, praticam lavagem de dinheiro e se beneficiam do tráfico de influência. As milícias no Brasil também têm uma relação complexa com o poder político e econômico, exercendo influência sobre políticos e, em alguns casos, controlando territórios em troca de apoio eleitoral. Muitas vezes, essas organizações se envolvem em atividades ilegais, como extorsão e venda clandestina de serviços básicos.
Outra forma de atuação mafiosa pode ser observada no agronegócio, onde há denúncias sobre o uso indevido de recursos públicos, especialmente no crédito rural, bem como o contrabando de agrotóxicos e a flexibilização de regulações ambientais em prol de interesses privados. Muitas dessas práticas se conectam à "máfia da indústria farmacêutica", que influencia decisões políticas e regulatórias para maximizar lucros.
Não se pode ignorar, ainda, a atuação das "máfias das fake news", que manipulam informações para atender a interesses específicos, bem como as máfias que envolvem o futebol e a imprensa, cada uma com seus próprios códigos e objetivos ocultos.
Em resumo, enquanto certos grupos organizados se fortalecem e consolidam seus poderes, as verdadeiras vítimas dessas máfias são os cidadãos comuns, que, por estarem desorganizados e desprotegidos, acabam sustentando esses sistemas de exploração. O combate a essas estruturas exige fiscalização rigorosa, transparência e o fortalecimento das instituições democráticas.
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