Visão de FéPor: Cônego Alexander Mello Jaeger
Algo que sempre me faz admirar a liturgia da Igreja católica é que a Missa começa respondendo à pergunta, quem é a pessoa que está celebrando? A resposta é, uma pessoa pecadora. O Primeiro rito da Eucaristia é o Ato Penitencial, com o reconhecimento do pecado e pedido de perdão a Deus, que tem uma Misericórdia infinita para quem se arrepende e procura viver melhor.
Não existe o ser humano perfeito, cada pessoa tem a possibilidade de se aperfeiçoar na vida e aperfeiçoar a Vida ou torná-la pior. São escolhas.
No primeiro domingo da quaresma a liturgia apresenta o Evangelho que narra as tentações de Jesus. Segundo os midrash judaicos, um dos Arcanjos de Deus não aceitou servir ao homem e à mulher, criados à imagem e semelhança de Deus, por serem tão frágeis, portanto, segundo o Arcanjo, indignos do serviço angelical. Este Anjo Decaído, Lúcifer, tenta o ser humano, para provar a Deus que ele não é digno do Amor e Misericórdia divinos.
Jesus é tentado em sua natureza humana, como todos nós o somos. A resposta negativa de Jesus às tentações, aconteceram porque ele é verdadeiramente humano. Em nossa natureza humana, podemos dizer sim ou não às tentações. Na oração do Pai Nosso, pedimos para não cair em tentação, e que Deus nos livre do Mal. Ser tentado, faz parte de nossa vida natural, vencer a tentação faz parte da vida sobrenatural. O pecado só existe, quando houver consciência e consentimento. Ninguém peca por engano.
O demônio tenta Jesus três vezes. Só uma é material, as outras duas são psicossociais e espirituais. Reduzir o ser humano às coisas materiais, à riqueza, aos bens é uma tentação muito grande. Viver para ter e valorizar os outros na medida das posses de alguém, empobrece nossa humanidade e dificulta as relações pessoais.
Cada ser humano tem poder, a começar sobre o próprio corpo. Há exceções, que são acompanhadas em sua individualidade. Como exercer o poder sobre mim e os outros é uma decisão pessoal. Encontramos abuso de poder e autoridade desde os relacionamentos interpessoais, como o familiar, até nas esferas empresariais e políticas. O poder causa vertigens.
A terceira tentação é espiritual. A base sempre é o orgulho, a soberba, que é considerar-se melhor que o outro, agir como se fosse deus. Jesus era Deus, mas não usou disso, e humilhou-se até a morte de Cruz. Esvaziou-se da Glória divina, como escreve São Paulo. Nós não somos deuses ou deusas. O orgulho produz muito mal. Para muitos teólogos ele é a origem dos outros pecados.
Ser tentado não é o problema e, sim, como se reage diante da tentação.
Sensação
Vento
Umidade