A humanidade está enfrentando um surto de ansiedade. Dados do SUS demonstram que houve um aumento de 200% nos atendimentos relacionados à ansiedade entre os anos de 2019 e 2023. Já o Ministério da Previdência Social registrou um aumento de 400% nos afastamentos do trabalho por ansiedade desde 2014. Mais preocupante ainda é o crescimento alarmante de 2.500% nos índices de ansiedade em crianças de 10 a 14 anos entre os anos de 2014 e 2024.
Qual é a causa disso? Alguém está realmente preocupado com esses números? Mas, afinal, o que é essa ansiedade? Por que uma pessoa se torna ansiosa, sente palpitações e experimenta sensações de medo ou insegurança a ponto de alterar a respiração, suar frio e perder o controle sobre o próprio corpo?
A ansiedade afeta a respiração porque ativa o sistema nervoso central, preparando o organismo para lutar ou fugir – uma resposta ancestral que ainda está presente em nosso comportamento. No passado, os seres humanos precisavam avaliar perigos e decidir rapidamente entre enfrentar um desafio ou admitir a inferioridade física e fugir.
O período de tempo necessário para essa tomada de decisão gerava angústia, um momento de tensão extrema que exigia uma resposta rápida. Para isso, o cérebro liberava substâncias químicas capazes de melhorar o processamento das informações, já que, muitas vezes, a sobrevivência dependia dessa decisão.
Hoje, porém, os gatilhos para essas reações não estão mais ligados apenas a perigos físicos imediatos, mas a questões como isolamento social, medo, perdas pessoais, problemas econômicos e insegurança sobre a própria capacidade de sobrevivência. Esses fatores geram estresse e desconforto diário para milhões de pessoas.
Se somarmos essas pressões à velocidade frenética da informação e à crescente complexidade da vida moderna, percebemos que as condições para um aumento ainda maior da ansiedade já estão estabelecidas.
A reversão desse quadro pode estar em um lugar onde poucos estão buscando: a compreensão da verdadeira causa da ansiedade. Esse transtorno está diretamente ligado à angústia – um sentimento que, em sua origem, significa "estreiteza", a mesma sensação de sufocamento vivida por nossos ancestrais quando precisavam decidir entre lutar ou fugir.
A angústia aperta, sufoca, gera inquietação e um desejo de escapar da situação em que nos encontramos. No entanto, quando não conseguimos identificar exatamente o que nos angustia, desenvolvemos a ansiedade como reflexo da nossa impotência para agir.
A angústia está escondida no fundo da subjetividade humana, um território que tem sido negligenciado nos tempos atuais. Ninguém quer perder tempo investigando e resolvendo suas angústias. A maioria prefere continuar na superfície, fugindo, mascarando os sintomas com ansiolíticos ou simplesmente ignorando os sinais de uma ansiedade que não para de crescer.
Sensação
Vento
Umidade