De Olho na IdeiaPor: Felipe J. dos Santos
A população brasileira continua testemunhando uma sucessão de absurdos políticos, jurídicos e midiáticos. Impressiona perceber a deterioração da qualidade de nossos juristas, da imprensa e da classe política.
Os erros se repetem, um após o outro, enquanto as massas, alienadas e presas a narrativas de seus líderes, oscilam entre posições radicais sem perceber que são vítimas de sua própria ingenuidade. O impeachment de Fernando Collor, por exemplo, não ocorreu por causa da Casa da Dinda ou da compra de uma Fiat Elba, mas porque ele tentou criar um esquema paralelo que retirava poder do tradicional centrão.
O mesmo ocorreu com Dilma Rousseff, removida do cargo sob a justificativa de "pedaladas fiscais", um argumento juridicamente frágil. Alexandre de Moraes, que na época apoiou o afastamento da então presidente, logo foi nomeado Ministro da Justiça do governo Temer e, depois, indicado ao STF.
Mais tarde, Lula foi preso em um processo repleto de controvérsias, com interpretações inéditas da Justiça e uma decisão que atropelou o princípio do trânsito em julgado. Naquele momento, o antipetismo cego impediu que muitos enxergassem a destruição das instituições democráticas. Hoje, com Bolsonaro, a história se repete – agora sob o fanatismo do antibolsonarismo.
A recente aceitação da denúncia contra Bolsonaro no STF é mais um exemplo desse cenário. Trata-se de um ato meramente procedimental, que reconhece indícios para o prosseguimento da ação penal, e não um julgamento de culpa. O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello apontou que Bolsonaro, já não sendo presidente, deveria ser julgado pela primeira instância, assim como Lula deveria ter sido na época. Erros semelhantes estão sendo cometidos, e quem perde com isso é a democracia, a Constituição e a estabilidade institucional.
Isso não significa que Bolsonaro e seu grupo não tenham atentado contra a democracia – negar isso seria fanatismo. Assim como seria ingênuo negar a existência do mensalão, um esquema para comprar o apoio do centrão. Hoje, as "emendas parlamentares" cumprem papel semelhante, garantindo benefícios a políticos corruptos. Da mesma forma, os atos de 8 de janeiro de 2023 tiveram a intenção clara de subverter a ordem democrática – só não foram bem-sucedidos porque fracassaram.
A estabilidade do país depende de verdadeiros estadistas, líderes públicos comprometidos com o bem comum e a democracia. Sem eles, permaneceremos reféns de um ciclo vicioso de polarização, fanatismo e desordem institucional que ameaça a saúde da nação.
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