Com cinco casos de Mpox no RS, Secretaria da Saúde orienta população sobre prevenção da doença

Em nenhum dos casos o vírus detectado foi da nova variante que levou a OMS a declarar emergência global

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Partícula do vírus da Mpox. Imagem: Wikimedia Commons

Sul 21 – A Secretaria da Saúde do RS (SES) publicou, na segunda-feira (19), um alerta epidemiológico com orientações para profissionais de saúde e população em geral em relação à Mpox. Em 2024, até este momento, o Rio Grande do Sul registrou cinco casos confirmados (três residentes de Porto Alegre, um residente de Gravataí e um residente de Passo Fundo), sendo um caso notificado em janeiro, dois casos em fevereiro e dois em agosto. Em nenhum dos casos o vírus detectado foi da nova variante que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).

O objetivo do alerta publicado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) é detectar os possíveis casos suspeitos e analisar o perfil genotípico das amostras. A medida busca identificar oportunamente a presença da nova variante no Estado e desencadear medidas de controle e promoção de saúde em resposta ao agravo.

A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) emitiu uma nota esclarecendo que, atualmente, não há tratamentos antivirais específicos aprovados para a Mpox. O manejo da doença é focado principalmente no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações. Pacientes com formas leves de manifestação geralmente se recuperam sem a necessidade de tratamento específico, mas casos graves podem exigir intervenções mais intensivas, como o uso de antibióticos para infecções secundárias, suporte respiratório, e em alguns casos, internação hospitalar, muitas vezes para tratamento da dor, associada com as vesículas.

Apesar da ausência de um tratamento curativo, a maioria dos pacientes se recupera completamente, embora o período de recuperação possa ser prolongado, com cicatrizes permanentes em alguns casos. No entanto, a capacidade de transmissão do vírus durante a fase ativa da doença é um desafio significativo para a contenção de surtos, especialmente em contextos onde o diagnóstico é pouco disponível e o isolamento adequado dos pacientes não é possível.

A Mpox é uma doença causada pelo mpox vírus (MPXV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, em que sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com pessoas infectadas pelo mpox vírus, materiais contaminados com o vírus ou animais silvestres (roedores) infectados. Foi identificada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo, na África, onde continua a ser endêmica.

Em maio de 2022, foram identificados, pela primeira vez, surtos na Europa e em outros países não endêmicos, sem associação com viagens ou contato com animais. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em junho daquele ano. Em agosto de 2022, a SES declarou situação de transmissão comunitária no Estado.

Diante do crescente número de casos de Mpox e do surgimento da nova variante Clado 1b, em 14 de agosto de 2024 a OMS declarou uma nova Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Na mesma data, o Ministério da Saúde instituiu o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para Mpox, para a gestão coordenada da resposta à situação epidemiológica, no âmbito nacional.

Originada na República Democrática do Congo, essa variante altamente transmissível, que parece se propagar principalmente por meio de relações sexuais, tem se espalhado rapidamente pela região, alcançando países vizinhos.

O diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, disse nesta terça-feira (20), em Genebra, que a mpox – independentemente de se tratar da nova variante 1, por trás do surto atual na África, ou da variante 2, responsável pela emergência global em 2022 – não configura “uma nova covid”.

Os sintomas gerais da Mpox incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dor de cabeça, dores no corpo, calafrio e fraqueza. O intervalo de tempo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sinais e sintomas (período de incubação) é tipicamente de 3 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.

Após a manifestação de sintomas como erupções na pele, quando as crostas desaparecem, a pessoa doente deixa de transmitir o vírus. As erupções na pele geralmente começam dentro de um a três dias após o início da febre, mas, às vezes, podem aparecer antes da febre.

As pessoas que tiverem sintomas compatíveis devem procurar uma unidade de saúde para avaliação e informar se tiveram contato próximo com alguém com suspeita ou confirmação da doença. Se possível, devem isolar-se e evitar contato próximo com outras pessoas.

A principal forma de transmissão da Mpox ocorre por meio do contato direto pessoa a pessoa (pele, secreções) e exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias. Ocorre, principalmente, por meio do contato direto pessoa a pessoa com as erupções e lesões na pele e fluidos corporais (tais como pus e sangue das lesões) de alguém infectado. Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infectantes, o que significa que o vírus pode ser transmitido por meio da saliva.

A infecção também pode ocorrer no contato com objetos recentemente contaminados, como roupas, toalhas, roupas de cama, ou objetos como utensílios e pratos, que foram contaminados com o vírus pelo contato com uma pessoa doente. Já a transmissão por meio de gotículas, normalmente, requer contato próximo prolongado entre o paciente infectado e outras pessoas, o que torna maior o risco de infecção entre trabalhadores da saúde, familiares e parceiros íntimos.

Uma pessoa pode transmitir a doença desde o momento em que os sintomas começam até a erupção ter cicatrizado completamente e uma nova camada de pele se formar.

A principal forma de proteção contra a Mpox é a prevenção. Assim, aconselha-se a evitar o contato direto com pessoas com suspeita ou confirmação da doença. As pessoas com suspeita ou confirmação da doença devem cumprir isolamento imediato, não compartilhar objetos e material de uso pessoal, tais como toalhas, roupas, lençóis, escovas de dente e talheres, até o término do período de transmissão.

A estratégia de vacinação contra a Mpox no Brasil, gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), começou em 2023 com foco nas pessoas com maior risco de evolução para as formas graves da doença.

A vacinação pré-exposição é recomendada para pessoas vivendo com HIV/Aids (homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais; com idade igual ou superior a 18 anos; e com status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses) e profissionais de laboratórios que trabalham diretamente com Orthopoxvírus (em laboratórios com nível de biossegurança 2 (NB-2), de 18 a 49 anos de idade).

Também é orientada uma vacinação pós-exposição àquelas pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para Mpox, cuja exposição seja classificada como de alto ou médio risco, mediante avaliação da vigilância local.

O Ministério da Saúde não prevê imunização em massa para a Mpox. No ano passado, a imunização contra a doença foi realizada em um momento de emergência em saúde pública de importância internacional, com o uso das doses liberadas pela Anvisa de forma provisória. Essas doses também foram usadas, segundo a ministra Nísia Trindade, para pesquisas científicas.

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