Visão de FéPor: Cônego Alexander Mello Jaeger
Os estudos afirmam que encontrar sentido na morte e no sofrimento humano possibilita influenciar e se firmar por muitas gerações como orientação para a vida das pessoas. Daí surgem muitas religiões. A religião que não dá sentido à morte tende a desaparecer. O cristianismo é uma das religiões que melhor dão sentido à morte e ao sofrimento humano. A Semana Santa é o momento privilegiado para entender essa explicação.
Estou lendo uma trilogia que tem o nome geral de Scythe, escrita por Neal Shusterman. O tema é uma sociedade futura, quando todas as doenças e a morte foram superadas. As pessoas eram revividas e podiam escolher em que idade retornariam. No corpo eram injetados nanitos, fruto da nanotecnologia, que impediam e curavam qualquer doença ou ferimento. As pessoas podiam viver para sempre. O governo mundial estava sob a responsabilidade de uma Inteligência Artificial (IA), a Nimbo-Cúmulo, que tornou o mundo perfeito. No entanto, a humanidade continuou a crescer, e foi necessário que algumas pessoas deixassem de existir. A morte dessas pessoas foi chamada de “colheita” e quem a realizava era o “ceifador”. Os personagens dos livros refletem sobre a importância da morte, ou seja, a morte existia para dar lugar a outras pessoas no mundo.
Jesus deu um sentido ao sofrimento e à morte. Em nenhum momento Jesus procurou sofrer ou provocar sofrimento. Jesus sofreu sempre por decisão de outras pessoas, em nome de poderes e princípios que tornavam a vida humana inferior. O nome de Deus era usado como justificativa para muitas dessas ideias. Para Deus, o sacrifício pelo sacrifício era considerado inútil e Ele não gostava — antes, abominava — segundo a revelação do Filho de Deus. A morte na cruz é o sacrifício definitivo, aceito uma vez por todas pelo Pai. Os únicos sofrimentos válidos são os aceitos voluntariamente.
Jesus revela Deus e o ser humano. Para a fé cristã, o ser humano foi criado para viver eternamente. A vida neste mundo é o início da vida eterna, é o tempo em que se toma uma decisão definitiva e irrevogável. O ponto central da fé cristã é que cada ser humano vai ressuscitar. Não há segunda ou outras chances. Esta vida é tão imperfeita e parcial que alguns anos a mais de felicidade terrena pouco significam diante da felicidade perfeita e eterna. No entanto, os segundos ou anos vividos aqui decidem, proporcionalmente, como se viverá a eternidade.
Para nós, cristãos, a Páscoa é a centralidade e o resumo de toda a nossa fé. Expressamos isso com o canto: "Ó morte, onde está tua vitória? Cristo ressurgiu, honra e glória!"
Feliz Santa Páscoa
Sensação
Vento
Umidade