Malhando em Ferro Frio

"Os cidadãos, os eleitores, o povo, têm totais condições de se instruir sobreo que é melhor e o que é pior para a comunidade."

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Felipe José dos Santos, advogado.

Demorei muito tempo para compreender, um pouquinho, como funciona o sistema político da atualidade.

No começo pensava que o maior problema estava baseado no controle que uma elite econômica possuía para se manter na parte de cima do controle do poder. Depois percebi que, além disso, existem também políticos que não estão interessados no interesse público, nem na construção de uma melhor distribuição de renda. E por isso há um desgaste da imagem da política em geral. Teve que passar mais um tempo para eu perceber que a máxima “cada povo tem o governo que merece” é legítima e serve como uma luva na realidade política dos tempos atuais.

Alguns dirão que isso é culpar a vítima e que a população está desassistida, sem capacidade crítica para entender o que se passa nas instituições, e que grande parte da população não tem acesso às informações para perceber o que é certo e o que é errado. Outros falarão que a população em geral não possui tempo para se preparar para as armadilhas da política real e sequer conseguem entender quais seriam os objetivos da política ideal.

Primeiro, então, deveríamos distinguir a política entre o que deveria ser e o que é. A política deveria ser uma ferramenta para construir a coletividade, o interesse público, a distribuição de renda e o espírito comunitário, mas, infelizmente, na prática ela é feita através de um aglomerado de interesseiros, tanto do lado do poder quanto do lado do povo.

Na política ideal o que estaria em alta seria o diálogo, a reunião de cidadãos altruístas e os projetos com o objetivo maior e coletivo; já na política real, o diálogo tem pouca vez, pois nem políticos e menos ainda o povo quer dialogar.
Na verdade, as conversas que se escutam estão mais vinculadas a quanto o candidato tal ou tal tem para gastar na campanha do que quanto tem para falar, propor ou planejar. Do lado dos eleitores é quase a mesma coisa. Os eleitores querem saber qual é o lucro individual que vão ter com a eleição.

O fato primordial não está na incapacidade crítica dos eleitores, uma vez que hoje quase não existe mais difícil acesso à informação. Os cidadãos, os eleitores, o povo, têm totais condições de se instruir sobre o que é melhor e o que é pior para a comunidade. Mas o que fazem? Optam por fazer parte da política real, optam por vender suas consciências. Isto está registrado como coisa normal a ser feita.

Então, só existe uma transição que faça a política real, essa que todo mundo pratica, de corrupção, enganação, promessas vazias e chantagem, ficar um pouco mais parecida com a política ideal, como ela deveria ser, limpa, honesta, em direção da coletividade e da comunidade. Esta transição continua a passar pela conscientização do eleitor, pelo esforço em entender como funcionam os jogos políticos. Quando nem o político sabe falar sobre o interesse público e nem o eleitor sabe avaliar os políticos, o que acontece é um pacto de mediocridade, corrupção, compra de votos e interesses pessoais de grupos e nichos de pessoas, enquanto o eleitor (de ontem, de hoje e de sempre) finge que sabe votar e o político (de ontem, de hoje e de sempre) finge que sabe legislar ou administrar.

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